quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um pulo.


Estava cansada. A cabeça não parava de funcionar.

Dormia, acordava e até em sonho aquele mau agouro a perseguia. Era como sombra, não conseguia largar. Não sabia mais o que fazer. Não queria aquilo para ela. Seria justo abandonar o que gostava por outros motivos? O que faria de agora em diante?

Relutava insistentemente, mas o não querer pensar só a fazia pensar ainda mais. Queria dormir. Queria fazer qualquer coisa que fosse para que aqueles pensamentos que tanto a incomodava fossem para longe, um lugar distante e que não encontrasse mais o caminho de volta. Pensou em correr, viajar, fugir... sair da vida por uns instantes, mas sabia que ir e voltar não resolveria seus problemas.

Lembrou-se de quando a ideia que passava pela cabeça não a assustava. Abriu um sorriso discreto no canto da boca.

Sentia-se egoísta, mas sentia muita mágoa. Não ia passar. Estava atordoada. Olhava para os lados, para cima, para baixo... Estava inquieta. As lembranças da infância traziam-lhe uma paz repentina, mas passageira.

Precisava pensar numa saída. Obrigava-se a pensar em outra cisa, mas o pensamento era recorrente. Resolveu, então, sair um pouco. Passeou pela cidade, olhou o mundo a sua volta, mais que isso, observou como nunca fizera antes. Andou incessantemente. Cansada de lutar contra seus pensamentos, jogou-se do alto de um prédio em construção. Num pulo, resolveu a situação.