domingo, 11 de julho de 2010

A mão


E, de repente, voltei no tempo. Aquele sorriso que não fazia mais diferença ainda era o mesmo e o lugar da frente ainda ia ser ocupado por mim. Mas não, uma pessoa adulta e madura não se rende tão fácil. É apenas uma saída de amigos. Melhor não olhar, conversar amenidades e, quem sabe, com uma imagem não tão nítida tudo se resolva. Ouço uma voz, pedindo para tirar os óculos (deve ser meu anjo!).

Uma noite sem estrelas no céu, sem expectativas aparentes. É isso mesmo: somos todos amigos. E tem mais: sou uma pessoa madura (é sempre bom repetir esse mantra)! Então, o melhor é não parar, afinal é parada que a gente começa a conversar. Dança aqui e acolá, não olha pro lado, não sorri e se faz de cega (meu anjo resolve me dar conselhos). Mas, é claro!, que o diabo não vai me deixar receber conselhos de um lado só: vocês são amigos, dança com ele também, o que custa, né?

Pois é... Uma música, duas, três... Por um instante, voltei no tempo. Uma música lenta e o coração parado volta a bater de devagarinho. A cintura, antes esquecida, volta a ser lembrada pela mão que passa em volta. Preciso realmente ser uma pessoa madura? Surge a dúvida. O coração se dividiu: desceu para o estômago e subiu para a garganta. As mãos suam, ficam inquietas e o coração está lá, dividido e disparado. Os pensamentos não se encontram, não há lógica. Anjo e diabo travam uma briga sem fim.

As músicas acabam, apagam-se as luzes do palco e tudo o que consegui fazer foi repetir meu mantra de pessoa madura e decidida. É hora de voltar para casa... O lugar da frente ainda era o meu, mas o caminho da minha casa foi o primeiro encontrado.

Já era de manhã e aquela cena não se apagou da memória. Levantei me perguntando se devemos sempre ouvir a voz do anjo que sussura no nosso ouvido. Levantei, mas não acordei. E a cena daquela mão ainda não me saiu da cabeça!

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