quarta-feira, 9 de março de 2011

Dúvidas


Estava sem palavras. Não sabia o que fazer. Queria sentar, conversar, esclarecer qualquer dúvida que pairasse no ar. Havia alguma dúvida?

Errara. Sabia disso, mas não sabia como consertar, afinal, não era o erro que todos pensavam que havia cometido. Errou por que foi boba, não fez o que tinha vontade. Não fez o que o coração mandou.

Sentia-se mal. Queria mesmo era voltar no tempo. Era impossível... Fazer o que? Não sabia. Precisava de ajuda. Precisava de alguém que a ajudasse, dissesse o que fazer, como fazer e que os conselhos fossem eficazes. Há quanto tempo não se sentia daquele jeito?

Há menos de uma semana, estava tudo tão bem. Maldita noite, maldita atitude impensada. Sabia que era inocente, mas quem mais podia ajudá-la? Tentar confirmar sua ingenuidade seria interessante?

Poderia simplesmente conversar e acreditar que confiariam na sua palavra. Não mentira, nem queria. Gostava de clareza. Ahhh... quantas dúvidas!! A cabeça não parava um só instante... Tentava pensar em outras coisas, saia, voltava, sentava, deitava, nada adiantava...

Pensou, escreveu, pensou, deitou, pensou, tomou um remédio para dor de cabeça, pensou, leu alguma coisa, pensou, viu tv, pensou... pensou mais algumas vezes e acabou dormindo...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um pulo.


Estava cansada. A cabeça não parava de funcionar.

Dormia, acordava e até em sonho aquele mau agouro a perseguia. Era como sombra, não conseguia largar. Não sabia mais o que fazer. Não queria aquilo para ela. Seria justo abandonar o que gostava por outros motivos? O que faria de agora em diante?

Relutava insistentemente, mas o não querer pensar só a fazia pensar ainda mais. Queria dormir. Queria fazer qualquer coisa que fosse para que aqueles pensamentos que tanto a incomodava fossem para longe, um lugar distante e que não encontrasse mais o caminho de volta. Pensou em correr, viajar, fugir... sair da vida por uns instantes, mas sabia que ir e voltar não resolveria seus problemas.

Lembrou-se de quando a ideia que passava pela cabeça não a assustava. Abriu um sorriso discreto no canto da boca.

Sentia-se egoísta, mas sentia muita mágoa. Não ia passar. Estava atordoada. Olhava para os lados, para cima, para baixo... Estava inquieta. As lembranças da infância traziam-lhe uma paz repentina, mas passageira.

Precisava pensar numa saída. Obrigava-se a pensar em outra cisa, mas o pensamento era recorrente. Resolveu, então, sair um pouco. Passeou pela cidade, olhou o mundo a sua volta, mais que isso, observou como nunca fizera antes. Andou incessantemente. Cansada de lutar contra seus pensamentos, jogou-se do alto de um prédio em construção. Num pulo, resolveu a situação.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A velha sensação


Perdera-se nos cálculos ao tentar descobrir há quanto tempo não sentia aquela sensação. Ahhh... não queria levantar-se. Estava perdida no espaço da própria imaginação. Tentava focar em outras coisas mais importantes, mas queria também aproveitar o momento. Pegou-se rindo sozinha, cantando assustadoramente alto, mas bem afinada. Deu-se a oportunidade de fazer do café da manhã uma farra: comeu o que quis, conversou consigo mesma, rememorou fatos passados, sorriu e comeu o que bem entendeu. Foi trabalhar feliz. Leu algumas páginas de um livro qualquer, sequer sabia qual livro estava em suas mãos. Hoje, especificamente hoje, sua melhor companhia era a lembrança e alguns planos para o futuro. Não tinha mais toda aquela certeza que imaginava ter alguns dias atrás. Estava inquieta. Cantava, recordava, concentrava-se no trabalho. Foi um dia que já valeu a pena ter acordado para viver!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sonhando




Tem dias na vida de um ser humano que o único desejo que se tem é: ficar em casa! Ah que saudades dos tempos em que eu podia decidir se ia ficar ou não em casa, de pernas pro ar. Pensar que achava isso entediante. E é, porém, tem horas que precisamos de um tempinho out desse mundo cão que não para de rodar um só instante sequer.
Hoje, eu tô assim: sonhando!! Sonhando em pegar aquela boia enorme, jogar na piscina e ter o único e exclusivo trabalho de chamar alguém para me fazer as vontas.

- Um suco, por favor!
- Aqui, senhorita.
- E daqui uma hora eu vou para a sauna, hein?!
- Sim, senhorita.
- Não esqueça de chamar o massagista!
- Pode deixar, senhorita!
- Ah, também tem minha aula de Yoga.
- Já está marcada.
- Ótimo, pois eu vou para o shopping fazer compras. Reserve aquele cartão sem limites, tá certo?
- Tudo bem.
- Pode me fazer só mais um favorzinho?
- Com certeza. O que seria?
- Não me acorde, sonhar é tão bom!

Ahhh...sonhar é tão bom! Pena que nem tempo suficiente eu estou tendo para isso... Melhor voltar para a rotina, ou, então, essa será mais uma noite perdida!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tapando buracos.


É tão mais fácil se traduzir em palavras quando o sentimento é profundo. E não importa se esse sentimento é bom ou ruim, o que importa é que ele exista. Às vezes, abre-se um buraco fundo, sem sentido e que nada significa. Procuramos, tentamos entender, mas não há o que fazer. E os sentimentos? Nenhum amor, paixão, raiva, ódio, rancor, abuso... nadinha!! Sem a menor graça essa existência, na verdade, essa ausência de sentimentos. Ambição? ...de quê? Abuso? ... pra quê?

O jeito, então, deve ser buscar... Então, que arranjemos pá e terra para começar a fechar esse buraco. Cutuquemos a ferida alheia, renovemos os sentimentos bons, restauremos laços, aproveitemos a vida e oremos todos os dias para garantir nosso lugar no Céu. Afinal, podemos perder alguns créditos com o Homem lá em cima, não é?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Surpresas


E que mulher não gosta de ser surpreendida? Ahh... nada como receber flores (vermelhas mesmo) acompanhas de uma bela caixa recheada de bombons calóricos envoltos num lindo laço de fita ( vermelho também)!! Não há quem lembre de que a natureza foi, em parte, devastada ou mesmo do quanto há de engordar depois de comer tantos doces. Nesse momento, o suspiro não cala. Nada como um belo "aaaaiiii" que toma o fôlego de qualquer um. E não importa se a surpresa veio de quem não se esperava. Mas, se foi o amado o responsável pela doce respiração prolongada, pelas batidas aceleradas do coração, pelo suor inexplicado na testa associado às mãos gélidas e sem forças, pelas pernas bambas e por um rápido momento de recordações e, claro!, pelos inúmeros planos para um futuro próximo.

Eis que, quase que imediatamente, começa-se a contar as calorias ganhas com os inúmeros chocolates e lembra-se de que, ao encontrar o felizardo, esse deslize pode ser revestido. Por que não queimar a tal da caloria num lindo e maravilhoso beijo demorado de um amor sem fim?

E não me refiro apenas a esse tipo de surpresa! Uma linda mensagem, nem que seja de "bom dia!" já é o suficiente para abrir um sorriso largo em meio a face. Ou mesmo aparecer sem combinar, sair para jantar num dia não marcado, quebrar a rotina numa visita inesperada ou quem sabe uma carta (em meio a tanta modernidade receber uma carta, hoje em dia, que não seja cobrança, é uma grande surpresa)... Nada como uma boa dose de boas ideias que nos apanham de improviso.

E os homens ainda falam que as mulheres é que são complicadas. Pode?!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reviravoltas


A música cessa, trazendo consigo um silêncio mórbido que a faz lembrar de sua solidão diária. Não a solidão de ter pessoas ao seu redor, mas a solidão do vazio que sente por dentro. Ela não sabia explicar o que faltava-lhe, mas sabia que faltava algo para dar sentido à sua rotina. É isso: os dias tinham virado uma rotina sem fim, sem graça. Faltava-lhe sorrisos nos lábios, gargalhadas sem fim, música constante sem hora para acabar, pessoas conversando, um abaraço envolvente, piadas sem graça, seu nome nas rodas de conversa...

Havia perdido as contas da última vez que vira o sol dar boas vindas ao novo dia que se iniciava, sentia saudades do cheiro bom de café que chegava junto com ela ao portão de casa. E as sandálias nas mãos para diminuir a possibilidade de ruídos. Ah!!! Como era bom viver perigosamente. O que fazia dela uma pessoa tão saudosista? Iria, um dia, sentir saudades do agora, quando ele um di se tornar passado?

E foi lembrando dos momentos felizes e querendo fazer desse momento pleno e cheio de boas lembranças para recordar futuramente, rebeu uma mensagem que a encheu de esperanças! Nossa! A vida nada mais é que uma caixa a qual podemos abrí-la a qualquer momento e nos surpreender com o que podemos encontrar lá dentro!